frase-cada-governo-tem-a-oposicao-que-merece-a-um-governo-duro-intransigente-e-intolerante-tancredo-neves-140003

imagePor Mikael Victor*

Há bastante tempo venho refletindo o que poderia ser a verdadeira oposição. Se fomos tratar de todo os tipos democráticos de oposições, dentro dos vários sistemas de governos do mundo, poderia escrever um livro. O objetivo não é esse, o foco é simplesmente o que seria a oposição na atual conjuntura política brasileira. Em seu conceito puro, Oposição é  impedimento, obstáculo. É colocar-se contrário diante de alguma situação. É a livre manifestação do pensamento, é o direito à liberdade de opinião. Mas até onde vai o limite desse conceito?
Tenho observado ultimamente vários ataques, diria até que “levianos”, de algumas pessoas inconformadas com a atual medidas da conjuntura política adotada pelo Governo Federal. Alguns desses ataques são reforçados por excessos e radicalismos. Tais momentos de fúrias, talvez provocados por uma campanha eleitoral acirrada (nunca antes vista no país), são alimentados por meio de alguns noticiários manipulados, blogs ou páginas de redes sociais sem credibilidade nenhuma, quando o assunto é a verdadeira e pura política. Essas pessoas não procuram outros meios de informações e pesquisas e não buscam debater ou aceitar a opinião do próximo e às vezes não podem ser contrariadas, pois se isso ocorrer, é um “Deus nos acuda”.

Caros, ser oposição não é xingar eleitor A ou B de burro por ter votado em tal candidato no qual ele achava melhor para seu país no momento, ou pior que isso, ser oposição não é se alimentar de informações falsas e sair compartilhando, afirmando que só você é o dono da verdade. Ser OPOSIÇÃO é construir uma concertação transigente que permita consolidar os avanços do atual período político e futuramente, se caso conseguir uma maioria democraticamente, fazer as mudanças necessárias de acordo com suas visões e pensamentos. Ser oposição é ser também humanista, respeitoso e ser participativo dentro do processo de construção do ciclo das políticas públicas.

E já que eu citei que ser oposição é ser participativo nas políticas públicas, então lembremos o que ocorreu meses atrás, quando o Decreto 8.243/2014¹ que regulamentava os conselhos populares participativos foi derrubado pelo congresso e ainda foi taxado de “bolivariano”, termo que não condiz com o verdadeiro objetivo do marco regulatório: AMPLIAR AINDA MAIS A PARTICIPAÇÃO POPULAR NA POLÍTICA. Sim!!! É difícil dizer ou aceitar, mas derrubaram um decreto importante para você dar sua opinião na política. E várias pessoas concordaram com isso.

A oposição não é escrever mensagens em redes sociais ou gravar um vídeo revoltado por que o “Brasil vai virar Cuba” (fala sério, né!?) ou porquê fulano e beltrano foram beneficiados por políticas sociais ou afirmativas², no qual você não foi beneficiado (fala sério², né!?). A oposição depende de nomes responsáveis e com uma liderança esclarecida e que não foque somente nos ataque ao PT, à qualquer outro partido ou alguma minoria.

A oposição no Brasil ainda falta com responsabilidades e bom senso, ela falha ao alimentar a ignorância e a raiva e não promover debates com objetivos de se debater propostas, de elevar conceitos éticos e de levar as demandas de seus eleitores para as arenas políticas. O PT, de antiga oposição nos anos 90, fez sua parte e se organizou, se renovou nacionalmente e desde 2003 está no governo por ter um bom projeto de poder e também diria de governo, utilizando-se de todos os mecanismos políticos legais, tendo forte poder de atração e agregamento em Brasília.

Se a atual oposição um dia quiser voltar ao governo, ela deve deixar de ser mimada e arcaica e se renovar, atendendo principalmente as demandas sociais. Senão, em vez disso, poderemos ver não o crescimento oposicionista clássico e responsável, mas sim, o aumento do pensamento fundamentalista e retrógrado em nosso país e isso não é nada bom.

Por enquanto, para se evitar isso, te convido a fazer mais leituras, em prol de uma sociedade mais inteligente, menos extremista e com menos ódio. Mais amor, amigos!

Referências:
¹Sobre o Decreto: http://oglobo.globo.com/brasil/camara-derruba-decreto-de-dilma-que-regulamenta-os-conselhos-populares-14390651?utm_source=Facebook+&utm_medium=Social+&utm_campaign=O+Globo
²Para saber um pouco   mais sobre Políticas afirmativas no Brasil:  http://www.scielo.br/pdf/cp/n117/15559