Ministério Público de Portugal investiga lixo hospitalar usado em roupa no Brasil

O Ministério Público de Portugal anunciou nesta quinta-feira (27) a abertura de um inquérito para averiguar a existência do crime de propagação de doença contagiosa e do crime de furto, no caso do lixo hospitalar utilizado em roupa comercializada no Brasil.

Segundo informação do Ministério Público, neste caso que envolve a utilização de lixo hospitalar com o logotipo do português Hospital Garcia de Orta no fabrico de roupa vendida no Brasil poderão estar em causa os crimes de propagação de doença contagiosa (um a oito anos de prisão) e o crime de furto (simples ou qualificado).

O MP recebeu terça-feira passada as primeiras informações da Administração do Hospital Garcia de Orta sobre o caso lixo hospitalar/roupa infectada. Tudo começou quando, recentemente, um operário brasileiro do município de São João da Boa Vista, em São Paulo, comprou umas bermudas, sem saber que traziam, no tecido do bolso, o logótipo de um hospital de Almada, o mesmo que normalmente se vê nos lençóis da unidade de saúde.

O homem denunciou a loja onde fez a compra. “Desconhecemos a utilização do tecido lá [em Portugal], no que foi usado, que doente o usou”, afirmou António Carlos Zanelli, em declarações à emissora EpTV, filiada na Rede Globo, de São Paulo.

A origem das bermudas pode estar ligada a uma empresa do Estado de Pernambuco, a mesma região onde foram apreendidos, durante a semana passada, vários couteiner de lixo hospitalar dos EUA. Segundo a Folha de São Paulo, foram encontrados lençóis com nomes de hospitais americanos.

Este lixo hospitalar, proveniente de unidades de saúde dos EUA, como o Baltimore Washington Center ou Medline Industries Inc é alegadamente vendido ao quilo (10 reais/kg), numa das principais vias de Santa Cruz do Capibaribe, Pernambuco. A Polícia Federal encontra-se investigando os clientes da confecção de Santa Cruz do Capibaribe, a empresa alegadamente responsável pela importação e venda do lixo hospitalar dos EUA, para perceber se os compradores sabiam da proveniência dos ‘produtos’, e para apurar para que fins utilizavam o lixo hospitalar.

A empresa Império do Forro de Bolso, já com várias lojas fechadas, importou toneladas de lençóis, fronhas e roupas hospitalares dos EUA, segundo a Vigilância Sanitária do Estado do Recife. Não se sabe quantas toneladas foram importadas até agora pela empresa. Os carregamentos do lixo hospitalar, classificado ilegalmente como “tecido de algodão com defeito” foram apreendidos na semana passada, no Porto de Suape, Pernambuco.

Um total de 46 toneladas de resíduos hospitalares que incluía, entre outros produtos usados, lençóis, seringas e luvas. Segundo a Globo, já foi identificada a empresa que, de acordo com as autoridades, que enviou para Pernambuco material utilizado em hospitais americanos: Chama-se Textport e fica situada na cidade de Spartanburg, estado da Carolina do Sul.

Correio da Manhã

Posted on 28/10/2011, in Brasil, Internacional, Polícia, Política, Saúde. Bookmark the permalink. Deixe um comentário.

Os comentários estão fechados.